Blog Ana Carolina Zacari

depressão pós-parto

Diferenças entre tristeza materna e depressão pós-parto

 Os primeiros dias após o parto trazem um período de mudanças, imprevistos e emoções. Há uma transição entre os papéis de filha para mãe, uma transformação corporal, uma pressa em reorganizar-se  para cuidar do bebê, um entorno que espera ver a recém mãe feliz. 

Não saber o que fazer nos primeiros dias e não se sentir “radiante” como se esperava são sentimentos comuns às puérperas; somados à sobrecarga das novas tarefas maternas e demandas desgastantes. Ocorre um processo de adaptação psicológica para lidar com novas situações. Um processo que passa ao mesmo tempo por lutos e realizações. É necessário tempo para conhecer o bebê e organizar a nova rotina.

O Baby Blues, ou tristeza materna, pode acontecer nos primeiros dias após o parto como uma reação de ajustamento e é caracterizado por crises de choro, ansiedade e irritabilidade, com sentido específico para cada mulher, podendo abarcar lutos, sensações de incapacidade ou conteúdos da própria história de vida que despertam nesse momento. 

Geralmente, esse período dura por volta de duas semanas, espera-se que amenize até o fim do primeiro mês. É importante ressaltar que embora vivendo o baby blues, a recém mãe consegue realizar o cuidado de si e do bebê.  A rede de apoio é um fator essencial na ajuda com a casa, comida e suporte necessário para auxiliar nas mudanças vividas. A partir do primeiro mês há uma adaptação dos ritmos mãe-bebê em comparação a eles mesmos na primeira semana, começa-se a reconhecer os progressos em relação ao caos anterior. Novo aprendizado desbloqueado: as habilidades com um bebê não são inatas, mas construídas.

Já a depressão pós-parto representa um maior comprometimento funcional e de maior duração, ou seja, há grande dificuldade nos cuidados básicos em relação a si mesma e ao bebê. Caracteriza-se pela diminuição do humor, melancolia, culpa, desânimo, lentificação, insônia ou hipersonia. Esses sintomas têm maior intensidade e sofrimento, prejudicando a percepção das necessidades do bebê e seu cuidado. 

Mulheres que já tiveram depressão antes ou durante a gravidez têm maiores chances de desenvolver uma depressão pós-parto. A presença da rede de apoio é imprescindível nesse caso, pois o isolamento pode levar a uma piora do quadro. A duração pode ocorrer de meses até dois anos ou mais, se não tratada. O tratamento é realizado com psicoterapia e medicação, sendo comum o atendimento também aos familiares para ampliar o cuidado com a mãe e o bebê. 

O profissional de saúde aprofundado em saúde mental materna tem a escuta atenta para distinguir a tristeza materna da depressão pós-parto, assim como oferecer acolhimento e tratamento especializado.

Ana Carolina Zacari é psicóloga formada pela PUC-SP, com formação em Psicologia Perinatal no Instituto Gerar e residência em Saúde da Mulher pela UNIFESP. Experiência no setor de Obstetrícia do Hospital São Paulo, especializado no atendimento de alto risco, e na Casa de Saúde da Mulher Domingos Delascio nos ambulatórios de abortamento de repetição, gemelares, prematuridade e malformação fetal. Atualmente realiza psicoterapia online e oferece supervisão aos psicólogos que desejam se dedicar no tema da perinatalidade.

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